quarta-feira, dezembro 03, 2003

A demissão de Joelmir Beting do Globo provocou polêmica na classe jornalística. Depois de décadas no jornal, o colunista recebeu cartão vermelho por ser garoto-propaganda do Bradesco. Atua na área econômica, somaram dois mais dois e concluíram que isso prejudicava a credibilidade do moço (nem tão moço). Faz sentido. Mas criou uma divisão entre velha guarda - condenando o mais novo sem-emprego - e estudantes que não entendem bem porque tanta celeuma em torno de uns trocados para falar bem do Bradesco. Eu estou do lado dos antigos. Isenção, credibilidade, aquele papo todo. Mas percebo que essa é uma visão herdada da geração anterior. E que isso pode mudar. Tudo está mudando. O que aconteceu não é novo. O que é novo é que os conceitos estão sendo discutidos de forma diferente. E alguns desses estudantes, pelas sua opiniões, podem estar em melhor sintonia com o que será o jornalismo em 10 ou 20 anos. Melhor ou pior, isso é discutível. Um deles apresentou um ponto de vista instigante e recebeu pedras como Madalena após o pecado. Eu, entretanto, achei curiosa a idéia. Diz ele: se ele foi demitido porque perdia credibilidade, porque os veículos podem trazer anúncios? Ele pode ter sido ingênuo ou extremamente sagaz. Não importa. Afinal, o que realmente garante a credibilidade? Um formato diferente na publicidade? Beting também não contava com espaços diferentes na coluna e na campanha do Bradesco? Alguém acredita que Muralha da China entre redação e comercial é instranponível ou mais eficiente que a ética e auto-crítica do Beting? Não há respostas fáceis no horizonte em movimento.