quinta-feira, janeiro 03, 2013

Spielberg não foi Spielberg

Lincoln mereceu as indicações e vai merecer ser o melhor filme. Confesso que sentei para ver me sentindo blasé. Vi dúzias de horas sobre essa história, entre filmes e séries contando a vida de Lincoln e da Guerra Civil. Li livros e achava que sabia cada detalhe biográfico, cada frase importante dos discursos. O que um diretor de grandes cenas abertas como Spielberg acrescentaria à figura biblíca e majestosa de Lincoln?
Mas Spielberg não foi Spielberg. Em vez de um filme físico, fez um thriller psicológico e político, uma trama literária, onde a ação é carregada pelas grandes e profundas frases magistralmente interpretadas por uma constelação de atores como eu não vejo há anos. Spielberg não foi Spielberg ao filmar o cinza e o escuro, em um filme quase intimista. E nos mostrou porque é Spielberg quando disse a Tony Kushner que não iria filmar aquele calhamaço de 500 páginas sobre a vida de Lincoln - que daria uma trilogia de 9 horas - e sim as últimas 80 páginas em que ele se focava na votação da 13ª emenda.
Por último, o filme é o que é por causa de Lewis, as anedotas, as respostas inesperadas, o andar alquebrado e um controle tão absoluto que só encontra equivalente na dimensão de um personagem que eu considerava impossível de ser retratado por inteiro. Ao menos para mim, Lewis consegue.
 Vou precisar ver Lincoln mais umas duas vezes.