sexta-feira, dezembro 24, 2004

O caos


A primeira coisa que se percebe na Índia (depois de turbantes e saris) nao é a pobreza. É o caos. Todos os lugares têm sempre muita gente. Em guichês e balcões, o mais comum é ninguém respeitar a ordem de chegada, a menos que você reclame. E o trânsito, todos sabem. Rickshaws, motorizados ou não, são menores e aumentam a bagunça. É como se em São Paulo houvesse mais motos do que carro. Nao, nao é a mesma coisa. Aqui, a frase do portuga tem um sentido diferente: Buzinar é preciso, dirigir bem nao é preciso. "Por favor, buzine" é a inscrição atrás de vários caminhões. Ninguém anda muito rápido (nem daria). Mas todos cortam, costuram, reclamam. Ainda assim, tudo com uma relativa calma. Muitos resmungam de vez em quando, mas ninguém parece ficar alterado. O caos indiano raramente inclui brigas ou batidas. Em todo o tempo até agora só vi um pequeno acidente, do tipo "lanterna quebrada". De qualquer forma, fico tentando sempre entender como isso tudo foi produzido. Muito calor, excesso de gente e a pobreza que resulta em nível cultural baixo, todos esses elementos podem dar uma resposta simplista de como foram fundidos no que se vê nas ruas. Mas ha outras variáveis que vão da religião até o vestuário e a decoração das ruas. Os indianos adoram cores fortes e nao se importam em misturar e usar tons em excesso. Tudo remete ao exagero. É, curiosamente, o contrário da equilibrada cultura budista "o caminho do meio" que nasceu na própria Índia e é tão diferente dos costumes da maioria do povo, em especial o hindu, que compõe a maior parte da população. Quem sabe entendo melhor tudo isso até o final da viagem?