sexta-feira, dezembro 31, 2004

India!


Retomo agora o blog só para relatar a passagem pela Índia. Volto no primeiro dia que chegamos, aproveitando as anotações da Flávia e adaptando um pouquinho.
Espero que gostem.

sexta-feira, dezembro 24, 2004

O caos


A primeira coisa que se percebe na Índia (depois de turbantes e saris) nao é a pobreza. É o caos. Todos os lugares têm sempre muita gente. Em guichês e balcões, o mais comum é ninguém respeitar a ordem de chegada, a menos que você reclame. E o trânsito, todos sabem. Rickshaws, motorizados ou não, são menores e aumentam a bagunça. É como se em São Paulo houvesse mais motos do que carro. Nao, nao é a mesma coisa. Aqui, a frase do portuga tem um sentido diferente: Buzinar é preciso, dirigir bem nao é preciso. "Por favor, buzine" é a inscrição atrás de vários caminhões. Ninguém anda muito rápido (nem daria). Mas todos cortam, costuram, reclamam. Ainda assim, tudo com uma relativa calma. Muitos resmungam de vez em quando, mas ninguém parece ficar alterado. O caos indiano raramente inclui brigas ou batidas. Em todo o tempo até agora só vi um pequeno acidente, do tipo "lanterna quebrada". De qualquer forma, fico tentando sempre entender como isso tudo foi produzido. Muito calor, excesso de gente e a pobreza que resulta em nível cultural baixo, todos esses elementos podem dar uma resposta simplista de como foram fundidos no que se vê nas ruas. Mas ha outras variáveis que vão da religião até o vestuário e a decoração das ruas. Os indianos adoram cores fortes e nao se importam em misturar e usar tons em excesso. Tudo remete ao exagero. É, curiosamente, o contrário da equilibrada cultura budista "o caminho do meio" que nasceu na própria Índia e é tão diferente dos costumes da maioria do povo, em especial o hindu, que compõe a maior parte da população. Quem sabe entendo melhor tudo isso até o final da viagem?

quinta-feira, dezembro 23, 2004

Reconhecimento de terreno

O primeiro dia na India foi para nos estabelecermos. Depois de estudarmos os hoteis do guia, saimos para conhecer o hotel eleito, o Ringo. Claro, o taxista tambem tentou nos convencer que ele conhecia um lugar melhor para nos levar. Parou em mais uma agencia de viagem e lah ficamos argumentando com os indianos. Diacho, dirao vcs, porque eles nao sairam andando ou nao brigaram? Bom, percebemos que todos faziam a mesma coisa. Nao dava pra sair andando cada vez que um deles parava em uma agencia. Entao, insistimos que queriamos ir para o local que pedimos. E, de fato, o Ringo era muito sujo. Foi a unica vez ateh agora que o livro nos decepcionou (eee guia bom, o melhor investimento que jah fiz). Aih nos demos por vencidos e fomos ver o hotel que o taxista nos sugeriu (como a maioria dos indianos, ele era muito simpatico, veja nos post abaixo). O Akaashi fica em uma regiao extremamente pobre de Delhi, o Pahar Ganj. A noite lah custa 350 rupias, uns 21 reais. E era mesmo limpo e melhor do que o Ringo. Ficamos duas noites. Mesmo na vizinhanca pobre de marre de si havia internet cafes e lah fomos nos conectar, continuar o agendamento das entrevistas e mandar noticias pra familia e amigos.

O Nirula

O primeiro hotel que ficamos, o Nirula, eh uma historia a parte. Apenas 3 estrelas, eh considerado um dos melhores de Delhi. Mas nao se veem ali muitos turistas, o mais comum sao indianos engravatados. A ideia original era mesmo reservar um dia em um bom hotel e depois, com calma, procurar um hotel bom e barato com a ajuda do livro de viagem que comprei.
Mas, depois do susto que passamos, foi um alivio entrar no quarto do Nirula. Banho quente, TV com canais internacionais e um banheiro de primeira, quase como nos hoteis americanos. No dia seguinte, saimos para procurar um novo lugar e dispensamos com prazer o enviado da agencia de turismo sequestradora que apareceu na recepcao para nos procurar.

A chegada

Chegamos em Nova Delhi de madrugada. Mulheres de saris coloridos, homens de turbante, cheiro de cigarro misturado com incenso... Ainda dentro do aeroporto, fomos abordados por um indiano perguntando se queriamos um taxi. Aceitamos e, logo ao sairmos, la estava Delhi com seu transito caotico e buzinas que nunca silenciam. O taxista fez muitas perguntas, pareceu se interessar pelo fato de sermos brasileiros e buzinou muito. De repente, paramos em um local que não era nosso hotel. Tudo estava muito, muito escuro. Sujo, com pessoas dormindo ao relento e cheio de cachorros e vacas, o lugar lembrava uma favela brasileira. A maior parte da India urbana é assim. Ali conhecemos um dos golpes mais comuns e rotineiros, quase um patrimonio nacional. Ele nos convidou a sair do carro e entrar em uma loja aberta, único lugar com luz por ali. Era uma agência de viagens, com alguns indianos dentro. Um deles, bem vestido e falando bem inglês, tentou nos convencer a ficar em outro hotel e a ligar no dia seguinte para comprar um pacote turistico. Calmamente explicamos que tinhamos reserva por um dia em um hotel e que ligariamos as 10 horas da manha seguinte. Sorrimos bastante, agradecemos e entramos no carro. O motorista finalmente nos levou para nosso hotel. Nosso pequeno "sequestro" tinha acabado. A India exigia mais cuidados do que parecia.